segunda-feira, 15 de setembro de 2008
SUPERGUIDIS EM BUENOS AIRES
Superguidis: grito de independência em Buenos Aires
* Marcus Losanoff
"Estamos muito felizes de tocar mais uma vez aqui e fazer parte dessa integração entre Brasil e Argentina", agradece ao microfone Andrio Maquenzi, vocalista da banda gaúcha de rock independente Superguidis. O ótimo “concierto” do último domingo, 7 de setembro, na Feira de Música Independente de Buenos Aires (BAFIM) foi o terceiro em solo argentino em pouco mais de um ano. Os guris estão “bailando” no ritmo certo para expandir seus domínios musicais ”sudamérica” adentro.
E eles passaram por dura prova de fogo. Pisaram no palco principal (Escenário Sur, o mesmo onde se apresentara Fito Paes dois dias antes) às 16 horas de uma fria, “pero” agradável, tarde invernal, no Centro Municipal de Exposiciones, local do evento.
Aparentemente, “los chicos brasileños” serviriam apenas como breve aperitivo roqueiro para uma seqüência de bandas “reggae” que viria a seguir (como as ótimas Satélite Kingston e Riddim, entre outras), aguardadas ansiosamente por fãs do estilo, já em bom número naquele momento. Ou seja, os gaudérios entraram em campo sem o favoritismo apresentado em recentes festivais pelo Brasil, mas com um time entrosado para ganhar a torcida "jamaicana" de Buenos Aires.
Logo, os primeiros acordes de "Por entre as mãos" abrem os trabalhos, avisando que “Los Guidis” jogariam por música aquela noite. As palmas ao final da canção foram intensas e pronto: a atenção estava ganha.
Assim, os cigarrinhos sagrados de “Jah Rastafari” foram momentaneamente sendo apagados para que os corpos e mentes se ligassem no som dos jovens discípulos da Santíssima Trindade do Indie Rock (Jesus and Mary Chain - Pixies - Sonic Youth). E todos os presentes comungaram do mesmo prazer auditivo, sem preconceito de credo, cor, idioma ou seleção de futebol.
Pois, neste culto ao “noise” de apenas 40 minutos, a banda brasileira se apresentou sem cerimônias, possuída, sendo “guided by voices” do além, destilando suas guitarras sujas e divinas, mescladas a melodias pop endiabradas.
"Tem mucha gente aqui, muy bueno". Comentava o surpreso guitarrista Lucas Pocamacha, em dado momento do show, divertindo a todos com seu portunhol safado. Gritos de “bravo!” com forte sotaque platense denunciavam a presença de alguns animados fãs locais junto ao palco. “Les conocí el año pasado cuando tocaron en vivo por primera vez acá. Son buenísimos los chicos, me encanta como suenan. Ruidosos pero igual pop”, comenta Nicolas Pedemonti, estudante de comunicação.
E a banda, mais uma vez, desfrutou do momento: Marco Pecker, sustentando as baquetas e o sorriso, sem deixar o ritmo cair; Diogo Macueidi, “cool” no baixo, encerrando-se em seu mundo particular (e quase sendo sufocado pelo excesso de gelo seco do palco); o já citado Lucas, fazendo graça na “comunicación” direta com o público - e disputando mais um “duelo guitar noise” particular com Andrio (ambos atacando seus instrumentos como se não houvesse amanhã); e o próprio Maquenzi, interpretando com segurança e personalidade algumas das muitas pérolas dos dois CDs lançados por eles até o momento (o terceiro está em fase de produção) via selo Senhor F Discos e distribuídos na terra de Gardel pela Scatter Records.
Por fim, desses guris de Guaíba, representantes de uma geração de novos "Libertadores da América Under" (junte-se a eles Autoramas, Supersónicos (Uruguai), MQN, El Mató a Un Policía Motorizado (Argentina) foi possível ouvir no 7 de setembro argentino, e quase às margens do Rio La Plata, o grito de independência.
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Extraído Do site Sehor F
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