segunda-feira, 13 de outubro de 2008

BOOMBAHIA(BA) - COMO FOI?? - SEGUNDO DIA



Conteúdo: Dosol

Por Anderson Foca

Assim como na noite anterior, o segundo dia do BoomBahia manteve a regularidade nas apresentações e a boa sonorização do espaço. O público praticamente foi o mesmo do primeiro também, com média rotativa de 1.500 na praça do Pelourinho.

O começo das apresentações foi permeado por bons shows e covers inusitados. O Starla (BA) iniciou os trabalhos às 15h em ponto, trazendo para o palco boas melodias, boas canções e três guitarras (com a terceira não trazendo muito acréscimo ao som). A banda já tem cancha e disco na praça, um bom trabalho visual com os trabalhos que lança mas precisa tomar um pouco de cuidado com o figurino na hora de se apresentar. Não que isso seja primordial para se fazer boa música, mas a informação visual de um show é uma soma importante no resultado final de uma apresentação.

Cover inusitado: o cearense Raimundo Fagner.

Em seguida veio o que seria a segunda melhor apresentação do segundo dia do BoomBahia, o Yun- Fat. Difícil descrever o som da galera em palavras mas vamos tentar. Metal, grind e música experimental flertando com riffs de samba (duro?), menção a Luiz Gonzaga e ironias finas. Um Matematic Metal que se encontrou com o Mr. Bungle em algum lugar do carnaval baiano, compreende? Uma zoeira só e show competentíssimo. Senti falta de uma segunda guitarra, bem presente no disco do grupo.

Cover inusitado: U2 grind.

O Estrada Perdida (BA) “mostrou o caminho” de como fazer rock misturado com rock sem precisar ser uma banda espetacular. A fórmula? Que tal um vocalista doido de pedra, carismático - parecido com o Iggy Pop- e ainda por cima ter na cozinha um animal na bateria (que ainda viria a se apresentar mais tarde com os Subaquáticos). Foi diversão pura e se no começo do show tiveram alguns narizes torcidos, no final sairam ovacionados. Eu aplaudi de pé.

Cover da vez: CAmisa de Vênus

O Declinium de Camaçari jogou um clima oitentista na bela tarde de sol do Pelourinho trazendo do interior baiano um som bem calcado no rock indie paulista dos anos 80 de gente como Felinni e Violeta de Outono. O destaque principal do grupo é voz poderosa do vocalista. Num contra-ponto interessante aos graves da vocalização do Declinium veio o Berlinda com um cantor com um timbre de voz bastante agudo. Fiquei com impressão de que o Berlinda ainda é um grupo verde e desentrosado fato que faz diferença quando se tem muitas bandas bandas boas na programação. Não chegou a ser um erro de escalação mas não me empolgou.

O Subaquáticos é para muitos a melhor coisa do rock baiano surgida nos últimos tempos e o grupo fez jus a fama num show intenso conduzido por três EXCELENTES MÚSICOS. O fato curioso foi ver que eles parecem duas bandas: uma primeira que manda uns grooves dançantes e bem tocados com vozes (música pop) e uma segunda proposta dentro do mesmo show onde eles resolvem mostrar técnica, talento e bom gosto em temas instrumentais matadores. Se fosse escolher qual Subaquáticos gostar mais, ficaria com o trio instrumental, mesmo reconhecendo que a veia pop da turma também pode ir longe.

O Curumim (SP) é outra banda que já esta no patamar dos grupos que tem o show delineado por apresentações constantes e sempre que se apresenta faz e mesma coisa: música de qualidade e festa divertida. Em Salvador, onde quase tudo (até o metal do Yun-Fat) vira carnaval, o Curumim só “deixou rolar” e o jogo já estava ganho antes mesmo do primeiro acorde.

Meio que prevendo que o clima seria “For fun” e para terminar de maneira exuberante, o BoomBahia escalou os heróis locais Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta para encerrar essa edição do festival. E assim como no show dos Retrofoguetes no dia anterior a senha era diversão. Ronei tem uma ginga desengonçada, um suingue torto e propõe o samba e os os sons dançantes de maneira inteligente e inovadora. Por trás da festa sonora estavam levadas em tempo “troncho”, dissonâncias e timbres etéreos, tudo entregue a platéia de maneira fina e arrumada. Orgulho da Bahia.

O que dizer desta edição do BoomBahia? Bem, um festival que tem dois headliners locais encerrando os dois dias da maneira como foi Ronei e Retrofoguetes pode se orgulhar de ter em volta dele bandas que fazem jus a qualquer esforço para que o evento se realize e tenha constância. E é bom bandas e produtores comprarem a ideia também. A Bahia precisa do BoomBahia e qualquer novo hiato na realização do festival seria injusto com a música local.

Que venham os próximos!

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