Por Adilson Pereira site Sambapunk
Aquele EP d’Os Bonnies, de 2005, é muito bom. Superá-lo era tarefa nada fácil para a banda. Mas os caras de Natal puseram na rua um novo disco, o “Disco azul”. E ele é bom pacas. “Disco azul” não é exatamente um título. Em conversa com o “Sambapunk”, Olavo Luis, baixo e uma das vozes do grupo formado em 2000 num colégio, disse que foi difícil batizar a bolachinha e então o negócio acabou sendo chamado de “o disco azul”. Se eles não acharam um título, ok. Teria sido pior se eles não tivessem achado uma maneira de fazer músicas tão boas (apesar de bem diferentes) quanto aquelas do EP. Antes, a brincadeira parecia mais rocabileira, mais pesada; agora, parece mais surf, mais madura, mais velha, até mesmo mais jovem-guardista.
“Acho que ele mostra mais coisas nossas além da instantaneidade mais animalesca possível. A estética é bem natural e despretensiosa, soamos assim sem nos preocuparmos tanto com isso”, declara Olavo Luis, depois de alguns desencontros internéticos com este sítio aqui. A transformação, ele diz, aconteceu de forma natural: “Tínhamos algumas músicas que foram se tornando o que são nos ensaios e incrementadas aos poucos. Não que haja grandes incrementos, isso seria impossível até por uma questão técnica (risos). A transformação ocorreu de uma forma que nem medimos, na verdade. Não há uma idéia geral dentro da qual enquadramos o disco, não fomos capazes de inventar um nome melhor que a cor da capa que fizemos. Mas acho que dá pra um bom nome sim, já resume o boca a boca: ‘o disco azul dos caras’ etc.”
Os boatos de que o som do quarteto tinha ficado mais pop não chegam a ser um incômodo para Luis. Ele diz que se enxerga como parte de uma “banda sincera de rock simples meio pop suja e explosiva ao vivo”. Uma boa definição. Uma definição que ele acha adequada para englobar aquele EP de 2005, este disco azul de agora e futuros lançamentos. Mais importante do que isso, uma definição que “deixa aberto o convite para as pessoas assistirem ao nosso show”.
Se você for encarar este disco azul como um convite (ou um flyer), considere-o como algo sem muitas informações poluindo a arte e sem muita coisa escrita tentando convencer o leitor/convidado. O convite é do tipo limpo e claro. Eles como que se concentram numa informação, numa estética, e mergulham naquilo. Há uma homogeneidade bonita, ali. Luis fica satisfeito ouvindo isso: “Na verdade, o disco é uma espécie de coletânea de algumas músicas que vínhamos tocando já em shows aqui por Natal e resolvemos gravá-las para não sumirem, somadas com outras que são mais atuais. Daí, distribuímos isso no disco, sem conceito intencional algum.”
Claro que por mais que haja unidade há faixas que se destacam mais. Luis não consegue apontar as que, na opinião dele, fazem esse papel de se destacar mais. E ao falar sobre as duas apontadas pelo “Sambapunk” (”É só voltar atrás” e “Tão calmo”), parece preferir não se estender muito: “A primeira existe há um tempo e sempre foi legal tocá-la ao vivo e gostamos dessa ‘força’ nela . Um dos ’sentidos’ dela seria em relação a ter alguém e não querer ficar só depois disso. A segunda é uma das mais recentes e também funcionava bem entre a gente. Talvez fale de momentos ótimos e rápidos que parecem durar mais tempo.”
Perguntado sobre haver ou não um flerte com o rock gaúcho, Luis clica o mouse aqui e ali, enrola e não responde. Questionado sobre vestígios de Pixies no miolo das músicas d’Os Bonnies, ele se surpreende: “Sério?” Sério. E este é só um dos detalhes que transformam o disco azul em mais um grande trabalho do grupo.
Um comentário:
caipiuruiinha!!!
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