segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

ENTREVISTA METALLICA


Conteúdo: Portal Rock Press

Tradução Suellen Pareico
Revisão Costábile Jr.

Formado no ano de 1981, em Los Angeles, pelo baterista Lars Ulrich e pelo guitarrista/vocalista James Hetfield, o Metallica é uma das bandas de rock de mais sucesso e influência de todos os tempos e já vendeu mais de 100 milhões de discos. Seus legendários álbuns dos anos 80, Kill ‘Em All (1983), Ride The Lightning (1984) e Master Of Puppets (1986), revolucionaram o metal. O trabalho de 1991 – conhecido pelos fãs como The Black Album, que inclui os clássicos “Enter Sandman”, “Sad But True”, “The Unforgiven” e “Nothing Else Matters” – vendeu mais de 15 milhões de cópias somente nos EUA.

Nessa entrevista, realizada em agosto de 2008 em Dublin, os quatro integrantes falam sobre a criação de Death Magnetic, sobre trabalhar com Rick Rubin, as experiências ‘catárticas’ de St. Anger e Some Kind Of Monster, e a respeito da relação única com os fãs.


James Hetfield – guitarra, vocal
Lars Ulrich – bateria
Kirk Hammett – guitarra principal
Robert Trujillo – baixo

Agora que o Death Magnetic está pronto, o que vocês acham do álbum?

Lars Ulrich: Minha cabeça está girando com todo o processo desses últimos dois anos. Mas todo mundo que ouviu o álbum disse que está ótimo, então vou aceitar isso! Certamente tem muita energia e vitalidade. Acho que alguns dos discos que fizemos nos anos 90 ficaram elaborados demais. Rick quis preservar aquele muro de som que acontece quando nós tocamos ao vivo, e estou 100% certo de que toda aquela vivacidade está segura [no disco], que é barulhento e direto. Meus amigos que ouviram o álbum gostaram!

James Hetfield: Death Magnetic soa muito bem. É a essência old school com novos sons. E é o disco mais parecido com a banda. Nós crescemos muito depois do St. Anger – na medida em que podemos dizer que somos adultos! O que eu acho mais importante é perceber que a fricção é parte disso tudo. E nós precisamos uns dos outros mais do que odiamos uns aos outros, simplesmente isso!

Kirk Hammett: Quando começamos a escrever as canções do Death Magnetic, nós éramos uma banda de novo porque conseguimos Rob. Isso foi incrível. Nós começamos a tocar como uma banda novamente, começamos a parecer uma banda, começamos a criar como uma banda, e esse foi um passo óbvio adiante do nosso último ponto de origem, com o St. Anger. Estou realmente orgulhoso desse disco. É muito cedo dizer como ele se encaixa no cenário geral, mas realmente acredito que este álbum seja um dos nossos melhores momentos.

Robert Trujillo: Como meu primeiro álbum do Metallica, acho que está ótimo. O ambiente criativo pode ser um pouco intimidador, porque é muito intenso. Com Lars e o James, é como freqüentar a melhor escola de composição. Mas eles foram realmente abertos a sugestões e quiseram ouvir o que eu tinha a dizer.

Foi uma decisão consciente o Metallica se reconectar com o passado no Death Magnetic?

James: As pessoas disseram que é o Master Of Puppets II. Isso me tirou o tesão… e me assustou um pouco. O Death Magnetic é o Rick Rubin e nós tentando capturar a essência, a fome, a simplicidade, o esqueleto do Metallica. E é isso que acho que nós capturamos. É realmente muito claro e óbvio para mim, e espero que esteja claro para os fãs, que nós escrevemos estas músicas pra nós mesmos. Você não pode agradar a todo mundo. Sempre vai existir alguém que se sente vitimizado pela forma como você fez algo, e eu entendo totalmente isso. Existem muitas bandas que não posso escutar depois de um certo álbum. É perfeitamente normal. Mas nós somos exploradores, nós temos que andar para frente e seguir adiante, nós somos artistas, estamos famintos pelo melhor. O melhor não foi alcançado ainda, então vamos continuar.

Kirk: Um dos conceitos principais que Rick Rubin trouxe para a mesa quando conversamos inicialmente, foi que ele sabia como o álbum do Metallica devia parecer. Ele disse para nós, “Seja lá o que vocês estejam fazendo, pensando, escutando, comendo, bebendo… tentem focar suas mentes. Porque seja lá o que vocês estavam fazendo nos anos 80, vocês fizeram músicas incríveis”. Nós escutamos e concordamos. A atitude que nós tínhamos naquela época é muito diferente da que temos agora. Nós éramos jovens, ansiosos para provar algo – ansiosos para provar que nós éramos umas das bandas mais pesadas que havia. Então Rick disse: “Somente se coloquem naquele ponto.” E funcionou completamente. Funcionou nas letras, nos solos de guitarra, na atitude. Eu lembro do momento de fazer os solos de guitarra, escutei todo o material que costumava ouvir quando era adolescente: muito UFO, Deep Purple e Rainbow, o primeiro álbum do Van Halen, Pat Travers. De início, fiquei bolado pois me peguei re-inspirado por todo esse material que me influenciou lá atrás, o que ampliou minha forma de tocar novamente. Quando eu apliquei essa atitude e trouxe essa inspiração para as novas músicas, tive resultados incríveis imediatamente. A auto-referência estava funcionando, e não estávamos somente copiando a nós mesmos. Eu realmente senti que estávamos indo para algum lugar revigorante e novo.

Lars: Reconectar-se com o passado foi algo que definitivamente aconteceu organicamente. Rick passa muito tempo só falando sobre música, e durante os primeiros meses, ele nos deixou confortáveis para revisitar e nos inspirar com alguns discos que lançamos nos anos 80: Ride The Lightning, Master Of Puppets, …And Justice For All. Quando nós terminamos o Justice, sentimos que não havia nada mais para fazer naquele lado progressivo, thrashy do Metallica, então passamos a maior parte dos anos 90 fugindo daqueles álbuns o máximo que podíamos. Rick nos fez ver que não tem problema em revisitar aqueles discos. Nós começamos o processo criativo do Death Magnetic no verão de 2006, no aniversário de 20 anos do Master Of Puppets e tocamos aquele disco ao vivo por toda Europa e Ásia. Nós estávamos entranhados no Master Of Puppets quando começamos a escrever as novas músicas para o Death Magnetic. E isso certamente nos fez sentir confortáveis para agregar algumas coisas que fizemos nos anos 80, pela primeira vez em 15 anos. Tem sido interessante. Rick sugeria, ‘Escutem os mesmos álbuns que vocês escutaram nos anos 80, ou experimentem e escrevam do mesmo jeito.’ Ele nunca dizia, ‘Copie o que você estava fazendo musicalmente.’ Era, ‘Remeta a si mesmo naquele espaço de tempo.’ E foi muito bom fazer isso, finalmente. Nós evitamos ir lá por tanto tempo, mas quando finalmente voltamos, foi como, ‘Yeah, nós podemos passar um tempo aqui –podemos nos sentir inspirados por aqueles discos e nos sentir bem com isso.

Rob: Parece que a banda, durante os últimos 10 ou 15 anos, tem tentado se afastar dos primeiros tempos. E para mim, que estou entrando no Metallica - adoro tudo que o Metallica fez - mas realmente gosto das coisas old school. E apenas o fato dos caras estarem abertos para aquilo, foi uma coisa bastante positiva. O Rick era muito inteligente, até na afinação das músicas. ‘Por que Metallica usa afinação meio tom abaixo e um tom abaixo? Por que o Metallica usa a mesma afinação do Master Of Puppets?’ E então nós acabamos experimentando as canções numa afinação natural, e é ótimo – James ainda pode cantar pra c***lho, e existe um pouco mais de ânsia no vocal. Eu realmente gostei do que James fez. Muitas coisas positivas vieram do Rick.

O Death Magnetic foi um álbum fácil de se fazer, especialmente depois do nascimento difícil de St. Anger?


James: Fazer esse disco foi certamente mais fácil do que o St Anger. O St. Anger foi uma purificação. Ferveu num ponto onde um dos membros não podia mais ficar por ali. E nós três nos unimos depois disso. Quando um irmão, um soldado, sei lá, sai ou fica mal, os outros se unem. Foi uma coisa incrível encontrar o Rob. A dinâmica da banda está bem diferente agora. Lars e eu lutamos pela direção, e os outros dois caras estão perfeitamente sentados no banco de trás – e essa é contribuição bela e difícil deles, pelo menos na minha cabeça. Eu nunca mais podia me sentar atrás e me sentir bem com isso. Funciona muito bem. Então a criação desse disco foi realmente muito mais positiva e produtiva; todos nós estávamos pensando do mesmo jeito, não estávamos pisando na maneira de pensar um do outro, somente para dizer “Ei, estou aqui!”. Nós estávamos na mesma causa e missão.

Lars: Nós escrevemos a maior parte em um ano. Todas as músicas eram trabalhos em constante desenvolvimento. Então nós tivemos que ir para a estrada e nos inspirarmos novamente por isso e aquilo… acabamos com 25 esqueletos de músicas e então começamos a arranjá-las e acabados com 14 das quais gravamos. Nós decidimos que iríamos gravá-las e ouvi-las novamente. Nós fizemos isso, e ficou bem claro quais faixas seriam 11, 12, 13, 14 na lista. E lembramos dos dias passados, quando você fazia discos que eram como um todo ao invés de canções individuais. A única coisa que Rick foi realmente inflexível era que ele não queria entrássemos no estúdio até conseguíssemos tocar estas músicas dormindo, de cabeça para baixo, tanto faz. Eu sei que isso parece besteira, mas ele não queria que o estúdio fosse um lugar de criatividade, e sim um lugar de execução, onde você somente entra e começa a fazer barulho. Você pensa e discute tudo na pré-produção.

Kirk: “Eu acho que o Death Magnetic é um passo bastante lógico depois do St. Anger. Nós passamos muito o tempo sem tocar nossos instrumentos enquanto fazíamos o St. Anger, o que era realmente estranho, considerando que neste álbum nós tocamos muito fazendo o disco! Tivemos muito material pré-escrito, e somente continuamos a partir dali: nós tocamos junto com as músicas, começamos a criar canções, e o álbum começou a tomar forma. Então Rick Rubin entrou e somou suas opiniões e idéias na direção.

Rob: A criação do Death Magnetic foi muito orgânica. As músicas começaram a florescer mais ou menos cinco anos atrás, foi quando começamos a desenvolver idéias. Depois de dois anos viajando, tivemos pelo menos 60 horas de idéias. E o processo de escrita aconteceu com os ensaios. Nós fizemos mais ou menos 25 músicas, reduzidas a 14, e então 10, para o álbum. Foi puramente criado nas jams, muito orgânico. E Rick quis capturar também a sensação ao vivo da banda, então quando estávamos realmente gravando as músicas, estávamos todos de pé, como numa performance. Quando eu estava gravando o baixo ou regravando algo, eu levantava fazia headbang ou ficava de joelhos, sei lá - então tem muito desse sentimento.

O Metallica se tornou uma banda mais forte depois do St. Anger e do documentário Some Kind of Monster?

Kirk: Essas foram experiências muito catárticas e intensas. O St. Anger e Some Kinf Of Monster nos forçaram a reavaliar tudo, a trabalhar nosso relacionamento, nossas relações musicais e pessoais: estávamos fazendo isso para reavaliar. Acho que foi realmente importante para conseguirmos aquela perspectiva. Nós podíamos facilmente ter enfraquecido no ‘Onde eles estão agora’? Mas nós escolhemos não fazer isso. E tendo passado por toda essa experiência, gosto de pensar que estamos muito mais maduros agora. Estamos muito mais responsáveis uns com os outros e com a música. E eu realmente sinto que progredimos e nos livramos disso tudo, num ponto onde podíamos trazer um novo integrante para a banda e o fazê-lo sentir que não estava entrando numa banda de loucos! Isso foi realmente importante. E agora que Rob está na banda, ele injeta tanto entusiasmo, positividade e energia em toda a experiência, é uma grande coisa. Ele nos une e faz a gente se sentir como uma unidade muito mais forte hoje em dia, muito mais forte do que nós sentíamos nos últimos dez anos.

Lars: Eu acho que o Metallica é uma banda mais forte por causa do St. Anger e por causa do Some Kind Of Monster, embora eu olhe para essas coisas como experiências bastante isoladas. Nós tivemos que passar por elas e fico contente que tenhamos feito. Depois de Jason Newsted partir, nós nos unimos novamente. Não podíamos voltar a fazer discos do jeito que fazíamos nos anos 90, porque cairíamos de volta nas mesmas armadilhas. Então o St. Anger teve que acontecer. E me orgulho do fato de que percebemos. Entendo que ele seja um álbum difícil. Não é um álbum que todo mundo abraçou. E está tudo bem. Mas ele teve que acontecer, para o Death Magnetic ser da maneira que é. O filme Some Kind Of Monster, é algo que estou ferozmente orgulhoso e muito protetor. Eu sempre senti que o Metallica fez o melhor para receber as pessoas, para nossos fãs e amigos terem tanto acesso ao Metallica quanto possível. E obviamente esse filme é o maior acesso, você querendo ou não – aqui está, em toda sua glória e feiúra! E existiam algumas pessoas que sentiram que talvez houvesse acesso demais, mas se você abrir a porta, abra a porra da porta e deixe as pessoas entrarem. Isso é somente tentar conectar-se com as pessoas o máximo possível. Obviamente as coisas estão muito, muito diferentes nessa banda em 2008 do que estava em 2001 e 2002, quando esses dois projetos estavam acontecendo, e eu passei um tempo horrível nos dois últimos meses tentando fazer com que as pessoas entendam que não é mais daquele jeito. Todo mundo se divertiu na caixa de areia e todos se deram bem. É tudo muito civilizado, cordial…até mesmo agradável! Existe uma palavra: Agradável! A palavra ‘diversão’ vem à mente. É divertido estar no Metallica! Tem sido dois anos ótimos. Acho que finalmente descobrimos a medida certa entre nossas necessidades, as necessidades da banda, as da família, tudo. Está balanceado. E no momento, o fato da fábrica de bebês do Metallica lançar um bebê por ano, isso dá a todos na banda – um monte de caras que não tem muito em comum, para começo de conversa – alguma coisa para falar! É tudo muito bom. O St. Anger e Some Kind Of Monster são memórias distantes, sério.

James: Eu fiz 45 anos no dia 3 de agosto, e até agora os 40 anos tem sido a melhor década, tenho que dizer. Talvez esteja um pouco mais sábio. Mas estou começando a entender a dinâmica da banda, reconhecendo o que nós temos e por que funciona. Percebendo que precisamos uns do outros. Quando viajamos juntos, somos capazes de atingir coisas maravilhosas com o Metallica. De outra forma, seríamos somente quatro músicos. Exceto o Rob.

Rob: Com o Some Kind Of Monster, ouvi pela primeira vez a respeito da presença da equipe de filmagem quando estava a uns 20 minutos do lugar onde a banda se reúne. Fui para Los Angeles e recebi um telefonema que dizia, “Vai ter uma equipe filmando tudo, ok?” O que posso dizer? Vai dar errado! E tinha passado o ano anterior fugindo das câmeras do mundo do Ozzy Osbourne. Então aqui estou, sem fugir de nada dessa vez. Então estava, tipo, tudo bem, posso cuidar disso. Foi um pouco estranho no começo. Mas no final do dia, quando vi as filmagens do Some Kind Of Monster e me vi tocando as músicas pela primeira vez com eles, senti alegria, mas também alguma dor, pois Lars me levou para tomar uns drinks depois do primeiro dia. Estava meio deslocado quando saímos, mas mais tarde naquela noite, estava, ‘Ei, vamos beber!’ Eu acho que ele estava me testando. Acho que o viking no Lars queria ver como o novato se saía numa noite com o Lars Ulrich do Metallica. Você aguenta? Eu fiz um bom trabalho – mas quando vi as filmagens? Doloroso.

Durante a criação do Death Magnetic, o Metallica saiu um tempo do estúdio para fazer três turnês. Por quê?

Kirk: A razão de termos feito essas turnês é por que a gente pode realmente ficar empacado com o jeito ‘de estúdio’ de fazer as coisas. É fácil perder o contato com o significado daquela energia ao vivo. Você perde o contato com aquele sentimento de tocar músicas para um público. Nós pensamos que fosse essencial para continuarmos a sair e fazer shows e nos manter focados naquele formato ao vivo. Também foi uma maneira legal de sair do estúdio, para não sentirmos que estávamos fazendo muito uma coisa só. Uma boa chance de manter o ritmo. Foi bom reajustar toda nossa perspectiva. Você pode perder o contato com essa essência de performance ao vivo se você ficar muito tempo no estúdio. É muito fácil ficar preso num monte de coisas de produção quando se está gravando uma música. Você pode colocar cinco ou seis overdubs de guitarra aqui e toda essa percussão e então quando você vai tocar a música ao vivo, você está basicamente tocando o esqueleto da gravação. É muito fácil cair naquele groove de construir uma música no estúdio para que se torne essa colagem de sons, mas quando você a leva para fora do estúdio e toca ao vivo, tudo que você tem são duas guitarras, um baixo e uma bateria – e muitas vezes, a música sofre. Essas canções foram feitas para serem tocadas por duas guitarras, um baixo e uma bateria ao vivo, e é ótimo voltar a fazer isso, pois o que você escuta no disco, será muito próximo do que você vai escutar ao vivo.

Lars: Tendo sorte o suficiente para viajar pelo mundo e tocar para cerca de 50.000 pessoas por noite, eu digo, ‘Se você me ouvir reclamando, bata em mim!’ É inacreditável. Fico impressionado que as pessoas aparecerem! O metal no mundo todo está vivo e bem, e provavelmente se dando melhor do que há muito tempo. Sinto uma energia vital no momento, e parece que muitos jovens estão ultrapassando a maioria das coisas do grunge e do rap-metal, e agora, a maioria dos garotos de 13 anos gostam mais ou menos das mesmas coisas que gostávamos nos anos 70 e 80, devido em parte ao Guitar Hero e Rock Band e assim por diante. Digo, nós estamos por aqui há muito tempo, mas eu tento não usar a palavra ‘trabalho’. E tento desencorajar outras pessoas que estão perto de nós a usá-la. É um insulto para as pessoas que realmente trabalham. O mais perto que chagamos de trabalho, é quando estamos em casa, cuidando de nossas famílias, acordando às 6h30, arrumando as lancheiras e levando os filhos na escola e toda essa coisa suburbana. Quando estou na estrada, eu durmo mais do que quando estou em casa! Quando estou na estrada, estou com meus amigos, agente senta e toma uns cálices de vinho e tocamos rock’ n’ roll e conhecemos pessoas legais. É divertido. A parte do trabalho acontece em casa. Nós balanceamos as coisas muito melhor agora. Nós viajamos por períodos curtos, mas com mais freqüência. Os dois últimos anos, nossas turnês de verão, foi ótimo. Nós fizemos alguns shows na Europa…o que você preferia fazer? Não consigo pensar em mais nada.


A banda vai voltar a fazer turnês em 2009. Vocês estão empolgados em trazer algumas das músicas do Death Magnetic para o palco?

Lars: Com certeza! Nós começamos a tocar Cyanide e The Day That Never Comes na Europa. Nós vamos ensaiar todas as dez músicas do disco. Nós queremos tocar todas elas a qualquer momento. Essas músicas parecem muito mais naturais. Algumas coisas do St. Anger eram bem difíceis de tocar! Muito do St. Anger foi criado no Pro Tools, o que explica um pouco. Mas essas novas músicas nós tocamos sem esforço, é divertido, parece bem mais natural e orgânico. Algumas coisas do St. Anger foram difíceis de se conectarem com os fãs ao vivo. Mas essas músicas novas… mal podemos esperar! Existe 75 minutos de música que vale a pena. Nós mudamos o setlist toda noite, então vamos jogar umas coisas diferentes. Nós vamos tocar três músicas novas numa noite e três ou quarto na outra noite. Tocar Cyranide é divertido, e estamos ansiosos para tocar outras coisas.”
James: “Quando estou escrevendo no estúdio, não consigo deixar de pensar, ‘Esse refrão vai soar muito bem com 10, 20, 30.000 pessoas – depende de quem aparecer! Vai ser ótimo para um publico num clube!’ Tenho a sensação… ‘Estou fazendo isso já faz um tempo!’ Posso sentir que partes as pessoas vão se apegar. É bastante universal. Quando tem uma parte para ser cantada, você sente. Então quando se está escrevendo, gosto de me concentrar... é muito fácil entender – mas sem fazer disso um hino cafona, onde todo mundo vai ficar cantando o tempo todo, em toda parte. O Death Magnetic é uma mistura de vários e diferentes sabores do Metallica, e espero que tenha algumas músicas que continue sempre atuais. Nós temos excursionado por muitos anos e forçado muitas músicas, e as pessoas aprenderam a cantá-las e é assim que você tem uma música que dá certo numa performance ao vivo. Nós vimos isso até no …And Justice For All. Prefiro ter canções mais curtas, mas mais ‘recheadas’. O St. Anger tinha muitas músicas longas, que não ficava bem ao vivo. Nós temos que dar conta disso ao vivo. Nós queremos manter relevante e continuar, por que é isso que nos mantém vivos.

Kirk: Mal posso esperar para viajar e começar a tocar essas músicas novas. Nós pensamos que deveríamos tentar tocar pelo menos quatro ou cinco músicas novas todas as noites. Sinto que todas as músicas desse disco ficarão incríveis ao vivo, pois foram escritas pensando nas performances ao vivo, que é uma coisa que fizemos nos anos 80. Será muito legal injetar essas novas músicas, por que temos estado em turnê nos últimos 3 anos, e não tínhamos um disco, então será legal levar umas canções novas para mudar um pouco as coisas.

Nas turnês, o Metallica sempre organiza sessões especiais com os fãs antes de cada show. Por que isso é tão importante para vocês?

James: Essas reuniões tem um vibração muito legal, dão muita inspiração para os dois lados, eu acho. Acho que muitas vezes tiro mais proveito disso do que os fãs. Quando não tem muita gente, quando se tem uma quantidade que dá para gerenciar, você pode realmente passar um tempo com eles e ser real. Nós adoramos essas reuniões! Elas nos inspiram. Eu adoro ouvir seus feedbacks, os bons e os ruins. Quando você está numa dessas sessões, você sente bastante confiança. Todos estão olhando para você e, “Yeah, eu sou o cara e me sinto muito bem, você pode dizer o que quiser para mim que não vai doer.” Alguém irá dizer, “Kill ‘Em All é o melhor – vocês ficaram uma droga depois desse disco!’ ‘Tá bom! Legal – mas o que você acha que é uma droga?’ Você sabe, começar a falar sobre isso, talvez eles não tivessem pensado nisso, ha ha ha! Você conhece alguns lunáticos também. É engraçado, coloca você de bom humor, cara.

Lars: As reuniões são geralmente os primeiros acontecimentos memoráveis do dia. Não importa o tipo de dia que você está tendo, ou o que está acontecendo, quando você está lá durante meia hora conhecendo pessoas que viajaram por todo mundo e que estão dividindo suas histórias e compartilhando seu amor, é o máximo. Nós estávamos em Istanbul nesse verão, e havia jovens que vieram de toda parte do Oriente Médio, Irã, Iraque e Líbano, foi realmente louco. Ficar lá ouvindo suas histórias, foi inacreditável. É sempre a parte principal do dia, é quando o dia começa, algo que eu valorizo muito. Quando olho para esses 25 anos, o que mais me orgulho é essa relação com os fãs. Nós sempre tentamos fazer com que os fãs se sentissem parte de uma corrida e que há menos obstáculos possíveis entre nós. Acho que o Metallica tem um universo bem independente do que está acontecendo com outros gêneros musicais, com a moda e toda essa droga. Nós fazemos o possível para nos conectarmos com os fãs do Metallica. Os fãs ficaram do nosso lado em momentos difíceis, mas agora está melhor do que nunca, em todos os níveis.

Rob: O acolhimento dos fãs tem sido ótimo. No início, fiquei um pouco atordoado, pois tinha que aprender 23 anos de catálogo, tinha que aprender as músicas do St. Anger, que eram muito difíceis. Então minha cabeça estava girando, foi como estar num redemoinho. E é claro, quando você está entrando para uma banda como o Metallica, você terá os fãs, os comentários de como se sentem – você realmente tem que provar para eles que você vale a pena. Então eu não me sintonizei muito com o exterior. Eu era o garoto na bolha. Eu simplesmente senti que tinha que ficar mais focado na música e nas performances no palco, fazendo o que eu sei fazer e tentando dar 100% de mim. Isso foi o que eu sempre tentei fazer com o Metallica, oferecer o máximo. Tudo no Metallica aconteceu muito rápido. Quando entrei oficialmente para a banda, eles me chamaram uma tarde e disseram, ‘Você pode vir no estúdio?’ Tive que parar tudo e me mudar por esses caras. Viajei na manhã seguinte, mas tendo a noção de que talvez não conseguiria o trabalho. Tipo, ‘Ei cara, você chegou perto, mas queríamos dizer pessoalmente que a gente não vai ficar com você.’ De qualquer forma, foi o contrário. Foi um grande momento, como ser arrastado por uma onda imensa. Sem se machucar nem nada – somente esse redemoinho intenso de água cristalina. Muita empolgação.

O primeiro single do Death Magnetic é ‘The Day That Never Comes’. O vídeo da música é essencialmente um curta com o tema da guerra, dirigido por Danish Thomas Vinterberg. Qual o conceito por detrás desse filme?

Lars: Estamos na verdade tentando nos condicionar a usar a frase ‘curta’. Eu estava fazendo um trabalho monótono na Itália em julho, e passei cerca de 1 hora num desses canais baratos de videoclipes, e literalmente estava perto de vomitar. Chamei nosso agente Cliff Burnstein e disse, ‘Nós não podemos fazer vídeos, temos que sair de perto disso. Temos que fazer curtas.’ É claro, quando todas as músicas tem quase oito minutos, tornam-se naturalmente curtas. Mas nós basicamente tomamos a decisão de trabalhar com diretores de filmes. Fizemos um lista pequena dos nossos diretores preferidos, pessoas que achamos que estão no auge, os jovens diretores contemporâneos. Esse era nosso plano: três ou quarto curtas. Thomas Vinterberg, um amigo do Dane, inventou esse grande conceito para ‘The Day That Never Comes’. Das dez músicas do disco, essa provavelmente tem a letra menos abstrata, mais específica. Ele pegou esse lugar óbvio onde as letras estavam, jogou fora e pôs a música num ambiente totalmente diferente: é realmente uma história de perdão, redenção, interação humana, é uma história sobre pessoas numa situação que não querem estar. Estou muito, muito orgulhoso desse vídeo. Eu realmente quero que as pessoas o interpretem sozinhas, mas acho que é metade relevância e metade eterno, e de alguma forma, tem a mesma vitalidade do vídeo de ‘One’.

James: O curta me atraiu. Estou cansado de ver o mesmo tipo de vídeo. Quisemos tentar algo diferente. Obviamente fizemos alguns tipos de curtas com as coisas do The Unforgiven. Fizemos o video de ‘One’, no qual queria que esse [‘The Day That Never Comes’] lembrasse. É óbvio que existe a temática de guerra. Isso teve o propósito de elevar nossa música. Gosto muito do fato de não ser literal. Não é idiota! É emocional, mesmo sem a música.

Vocês tiveram vários nomes para o disco, antes de escolherem Death Magnetic. Quais foram os nomes preferidos?

James: Tínhamos uma parede inteira de possíveis nomes que obviamente se transformou numa parede de piadas. Acho que um dos nomes foi Van Halen 11. Não fazia muito sentido! Rick Rubin estava nesse lance orgânico. Tudo era orgânico. ‘Desligue o computador, não é orgânico!’ Então a gente brincou com isso e encontramos uns adesivos orgânicos e cobrimos o desktop com eles. E a gente conseguiu o nome do disco a partir disso. Um deles era War-ganic!

Lars: ’Suicide & Redemption’ é a faixa instrumental do disco, e estávamos brincando com o nome, pois todas as músicas tinham um sentimento sombrio e abstrato. Esse foi o primeiro nome que gostei. Certamente se encaixa na música. Enquanto estávamos fazendo os riffs e juntando todas as idéias, a idéia de fazer uma faixa instrumental old-school do Metallica veio à tona. Deu uma certa grandeza épica ao trabalho.

O Death Magnetic foi lançado em todos os formatos: CD, digital e LP. Mas também teve uma edição Coffin Box especial e limitada, que inclui o CD do disco, um segundo CD de demos, um DVD dos ensaios, uma camiseta e outras memorabilias como um pôster no formato de caixão. Esse pacote é para os fãs do Metallica?

Lars: Bem, hoje em dia você faz coisas especiais para os fãs que querem mais, então pegamos a imagem do caixão da capa do Death Magnetic e criamos uma caixa. É legal. Tem todo tipo de, como gostamos de dizer, coisas que você não deveria ter – as demos e o DVD do making of. Tem até um recibo que você pode emitir e o Kirk Hammett aparece e limpa seus tapetes e lava seus pratos!”

James: Death Magnetic num caixão: que original! É um caixão bem bonito, devo dizer. Não é preto, é suave como um piano! E o caixão pode ser grande o suficiente para pequenos animais. É também útil.

Finalmente, últimas palavras sobre o Death Magnetic?


James: Nós tentamos nos concentrar no que achamos certo, no que é melhor para nós, e em qualquer forma radiante que não temos controle. Não estamos muito preocupados com a pressão externa. A maior pressão sempre foi de nós sermos perfeccionistas, querendo melhorar, ser o primeiro nas coisas, brilhar mais. O desejo de ser melhor é o que faz o Metallica continuar.

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