quinta-feira, 6 de novembro de 2008

FESTIVAL DOSOL - POR PORTAL ROCKPRESS



Conteúdo: Portal Rockpress
FESTIVAL DOSOL 2008


A música nº 4


Hugo Morais

Quando o MUKEKA DI RATO chegava ao fim de sua apresentação no domingo, ficou visível que o Festival DoSol seria marcado por personagens. As bandas são alguns deles, obviamente, e por mais difícil que seja, as 26 bandas tocaram bem o suficiente para, no mínimo, arrancar aplausos. Desde Rock Rovers e Fewell, que abriram os trabalhos no sábado, e Gandhi e AK-47, que abriram no domingo, até The Donnas e Mukeka encerrando as duas noites, todos fizeram bons shows. 26 bandas. Deve ser um fato inédito.

Entre o início de sábado e o fim de domingo tivemos bandas tão distintas que em alguns momentos poderiam afastar o público, caso de DISTRO (power pop), BARBIEKILL (eletro rock), LUNARES (pop), PLASTIQUE NOIR (gótico) e ROSA DE PEDRA (regional). Mas o que se viu foi um público atento e paciente para com novidades. Um público renovado e bem jovem. Que às vezes se assustava com algumas peripécias como as de Flaviano André com todo o seu glam misturando Iggy Pop, Mick Jagger e, por que não, David Bowie. Ele animou, instigou, cantou músicas com temas sexuais, como “Abro a Porta Nua”, que falam de personagens da noite e até tocaram “Conga Conga Conga”, da rainha do bumbum, Gretchen. Quebraram o protocolo e ainda tocaram “I Wanna de Your Dog”. Aliás, tempo estourado foi uma coisa normal. Forgotten Boys, Torture Squad, Venus Volts, Expose Your Hate fizeram shows além do tempo determinado.

Os destaques foram Black Drawing Chalks, Forgotten Boys, AMP, MQN, Macaco Bong, The Sinks, Camarones Orquestra Guitarrística, Star 61, Rosa de Pedra, Mukeka di Rato, Catarro, Torture Squad, Vênus Volts, Expose Your Hate. É muito destaque, é verdade, mas cada uma a seu modo. O BDC fez a primeira apresentação em Natal e deixou ótima impressão com um hard rock pesado. Todos de botas e com músicas poderosas, merece voltar. O FORGOTTEN BOYS não é novidade por aqui, mas fez o melhor show em terras potiguares. É uma banda grande dentro do cenário indie. Igualmente ao MQN. Fabrício Nobre segura bem a banda toda, que fez também a melhor apresentação por aqui. Claro que não podia faltar o tradicional banho de cerveja.

O AMP veio de Recife e se apresentou pela segunda vez em Natal. Começou a tocar só depois de um ano de ensaios, indo no caminho inverso das bandas de hoje. O resultado é um grupo seguro com um instrumental pesado e afiado. Tanto que já lançam disco pela Monstro Discos e devem rodar o Brasil nos festivais. MACACO BONG tocou em uma semana duas vezes no mesmo palco. O som instrumental parece ganhar o público da província, tamanhas eram as palmas e gritos da platéia. Coisa semelhante ocorreu com a local CAMARONÊS, que toca músicas próprias e temas de desenhos e vídeo game, tudo instrumental. Popeye e Homem-Aranha foram duas que causaram ovação.

THE SINKS é a banda do patrão Foca e conta com dois veteranos do rock local: Dante Augusto(152,7 bandas) e Marcelo Costa (General Junkie). A experiência proporciona um show sem falhas, profissional e com hits como “Little Girl” e “Let You Down”, com participação do potiguar de nascença Chuck do Forgotten Boys. ROSA DE PEDRA fez um show mais pesado que o normal, com uma mistura com rock mais latente e também ganhou o público. O show é todo permeado por regionalismo e teatralidade. Já a banda de Campinas VENUS VOLTS tocou um indie rock com personalidade. Bons riffs, bom vocal e cozinha segura.

THE DONNAS entraram no palco com a partida ganha. Brett Anderson possui muito carisma e, entre uma música e outras, conversava com a platéia. A banda com quatro mulheres bonitas agradava a todos. Um rock simples, mas muito bem executado, e com letras fáceis. O público, por suas vez gritava, cantava, aplaudia. Alguns choravam. Toda aquela comoção atingiria o ápice no domingo - comoção é modo de dizer...

Todas as bandas que chamaram mais a atenção e causaram reações mais destruidoras foram as que se apresentaram no domingo e transitavam entre metal e o tal do power violence, ou grind. Expose Your Hate, Torture Squad, Catarro e Mukeka di Rato. O EYH é uma banda grande em Natal e fora daqui. O disco da banda foi bastante elogiado em veículos especializados e o show não poderia deixar de ser poderoso. Técnica aliada a peso e violência. Tudo isso marcou também o show do TORTURE SQUAD, banda tradicional do país. Pode-se dizer que o público do metal em Natal é o maior e o mais fiel. Isso refletia no Armazém Hall lotado e ovacionando as bandas. Ainda levei uma surra de cabelo dum headbanger ao meu lado.

O CATARRO fez 14 shows entre Centro-Oeste e Sudeste lançando o disco Dance, Império, Dance! por seis selos de todo o Brasil. Rolou participação do público, que ganhava uma dedada de prêmio, e teve uma versão para “The Rhythm of The Night”, de Corona. A versão virou algo como “São os sobrinhos do Satanás...” com levada disco. Ainda teve cover de “Eu Odeio Wilma Maia”, música do Fratelli, banda local de grindcore.

O ápice do festival não poderia deixar de ser o show do MUKEKA. O vocalista Sandro operou o joelho e a banda se apresentou em forma de trio, com Mozine tocando baixo e cantando, às vezes auxiliado por Paulista (guitarra). Muitas músicas foram escolhidas pelo público e as rodas de pogo eram violentas. Durante um bom tempo um cesto de lixo plástico voava sobre as cabeças e, à certa altura, uma bermuda caiu no palco. Paulista vestiu. Em seguida caiu algo que eu pensava ser um sutiã sobre o microfone de Mozine. Era uma cueca rasgada. O cidadão que antes pogava de cueca agora estava nu.
Tem como acabar melhor um festival? O Mukeka é mais uma que veio a Natal várias vezes. E a cada nova passagem por aqui é uma novidade. Que venha o festival em 2009, com a tarefa difícil de superar 2008.

Ah, os personagens marcantes:


1 - A Rua Chile, transformada em corredor entre o Armazém Hall e Grito Anime. Em certos momentos o trânsito ficava comprometido, tamanha a quantidade de pessoas confraternizando.

2 - Fabrício Nobre. Cantou com o MQN, com AMP e com Black Drawing Chalks. As más línguas dizem que ele tocou baixo no Donnas, maldade.

3 - A música nº 4. O festival filmou a apresentação das bandas que serão transformadas em um DVD. Quando chegava a hora alguém das bandas dizia: “Pessoal da produção, essa é nossa quarta música.””

4 - O cidadão pogando nu.



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