domingo, 23 de novembro de 2008

GOIÂNIA NOISE FESTIVAL(GO) - PRIMEIRO E SEGUNDO DIA - DOSOL


Conteúdo: Dosol

Por Foca
PRIMEIRO DIA - BARBA, CAMELO E BIGODE!

Contextualizando: num lineup de um festival como o Goiânia Noise Festival vai ser difícil encontrar um show equivocado, assim como também vai ser difcíl apontar um ou dois destaques em cada noite. Aproveitei a piada quase pronta que denomina o título da cobertura deste primeiro dia do Noise para resumir o que de melhor aconteceu por aqui: Canastra (com o hermano Barba na bateria), Marcelo Camelo com seu show solo e a própria Monstro Discos (representada aqui pelo grande Léo Bigode) que ousou e mais uma vez termina o ano dos festivais apontando pro futuro.

Com um pequeno atraso a programação do Noise começou com o jovem grupo local Gloom, banda capitaneada por uma menina simpática que tem boas canções na manga e muito futuro pela frente. De ressalva fica só o ajuste no tom de algumas canções (principalmente em português) que estavam numa região não muito confortavel para a jovem vocalista. Bom começo.
O Demosonic, tambem de Goiânia, faz uma espécie de garage barulhento flertando com um indie a la Sonic Youth. Interessante e mercecedor de uma audição mais apurada numa próxima oportunidade (com 15 bandas tocando e dezenas de pessoas para conversar, também fica difícil acompanhar a fundo todos os shows). Não vi boa parte do show do Diego de Moraes, mas o pouco que consegui assistir me tirou a má impressão que tive do grupo no Festival Calango. Uma coisa que me chamou muito a atenção foi a excelente sonorização do palco interno do Noise, uma gargalo superado pela produção deste ano com relação ao ano passado.

Uma das bandas que estava curioso para assistir era o Holger, grupo da novísima geração paulista que vem se destacando pelas bandas do Sudeste e participa pela primeira vez de uma grande festival indie (salvo algum engano). Não me decepcionei. A banda propõe um rock feliz e contagiante que termina pegando os ouvintes ou pelas simpáticas linhas melódicas - quase sempre cantadas por vários integrantes - ou pela boa interação do grupo com a platéia. Das bandas novas foi a que mais gostei.

O Mickey Junkies (SP) é um velho conhecido de que acompanha a cena indie nacional a mais tempo. Não imaginei que veria o grupo ao vivo algum dia e me dei por feliz com esse presente nostálgico da Monstro nesta edição do Noise. Não vi os Backbiters de Goiânia tentando resgatar fixas na enorme fila que se formou nos bares do festival.

Na sequência veio uma das melhores apresentações do dia com os americanos no Calumet-Hecla. O som da banda é uma espécie de anti-rock minimal (que alguns chamam de post rock) com frases soltas e umas barulheiras de guitarras em cima de levadas quebradas de bateria. Muito bom pela intensidade e pelo perfil diferente que a banda escolheu seguir (não tão diferente assim lá fora).

Apesar de ser um ótimo grupo o Continental Combo não me emocionou e não consegui dar mais atenção aos paulistas. O melhor show de toda a noite veio a seguir com os cariocas do Canastra. O grupo tem larga experiência e alguns discos lançados, seu som e show contagiam pelas referências 50´s, style rock-a- billy tudo azeitado com um apelo pop bacaníssimo. Show de primeira que levantou a arena e me fez dançar para valer. A platéia também adorou e pediu bis! Já chamei pro Festival Dosol 2009 e eles aceitaram o convite!


Não consegui ver o Motherfish (GO) porque fui falar com os Canastras (coisas da correria de um festival) e já fiquei para continuar a diversão neste Noise com o show do gaúcho Frank Jorge - o Roberto Carlos do indie rock nacional. A platéia menos aprofundada deve ter pensado: quem é esse bicho cantando músicas do Pato Fu e afins? Foi um hit atrás do outro sem dó. Empregada, Amigo Punk, Eu, Nunca Diga. Só clássicos! No final o menestrel roqueiro gaúcho ainda mandou um som com a seguinte frase: Elvis da fase decadente é melhor que muita gente! Precisar dizer mais alguma coisa?


Outra banda que me surpreendeu positivamente foi o Lucy and The Popsonics. Aquele grupo que passou por Natal ano passado bastante simpático mas com uma apresentação atabalhoada ficou para trás. Agora o que se vê é o dueto coeso e com um show expressivo. A estrada e as viagens internacionais fizeram muito bem aos candangos. A extensa programação no Goiânia Noise reservou um final de arrepiar para esse primeiro dia, começando com a linda apresentação dos escoceses do Vaselines aditivados com a turma do Belle & Sebastian. Para não iniciados na banda como eu ficou a emoção de ouvir “Son of a gun”, “Jesus wants me for a sunbeam” e “Molly’s lips” eternizadas na voz de Kurt Cobain, lembra dele?


O palco externo foi encerrado com o rock doido (enfumaçado?) do Black Lips que fiz questão de ver da grade ao lado do poploaded Lúcio Ribeiro. Achei bom pela atitude roqueira e normal no âmbito geral. Divertido! Para encerrar a primeira noite que reuniu cerca de 3.000 pessoas subiu ao palco o Marcelo Camelo com seu show solo acompanhado pelos paulistas do Hurtmold. O show é chique, bem conduzido e bonito de se ver. O Camelo já se tornou uma referência e vê-lo novamente em ação é legal para quem foi fã dos Los Hermanos assim como eu. Fechou o primeiro dia do noise com muita propriedade.


SEGUNDO DIA - IMPROPÉRIOS E GUITARRAS A SERVIÇO DO ROCK

O segundo dia do Goiânia Noise Festival foi marcado pela irreverência de alguns grupos e por uma série histórica de excelentes shows, que enchem de orgulho aqueles que acompanham o rock indie nacional. Só para ilustrar ai vão algumas frases de efeito ditas na noite:
- Minha mãe da o c*, o mundo é travesti!
- Vocês é que são felizes, podem chupar meu pau e eu não posso…
- Se deus é 10, satanás é 666.
- Gangrena Gasosa, a farinha que povo de goiânia gosta é outra…

Sutileza a serviço do rock! Com cerca de 2.000 pessoas durante toda a noite o festival começou novamente com um pequeno atraso com os goianos do Cicuta em ação, O grupo tem influências de rock simples e direto bem na praia de bandas como Motorhead. Dois dos integranates eram do lendario Hang The Superstars, instituição roquística goiana.

O Mersault e Máquina de Escrever instalou mais um vez aquele clima chique que já tinha aparecido na noite anterior no show do Marcelo Camelo. A banda, também goiana, toca sentada e praticamente sem drivesnas guitarras mandam músicas densas e bem feitas com otimas letras. Excelente show. Escolhi algumas apresentações que já tinha visto esse ano para conversar e descansar, como já tinha visto o Mugo passei batido no show do Noise.

Na sequência veio o que deva ser um dos shows TOP5 do festival com os pernambucanos do AMP. Estrada, boas músicas, competência, ótimos timbres e ótimos músicos. Todas estas características fazem do AMP a grande revelação do rock nacional em 2009 e eles provaram que merecem o título com louvor. Pedrada do começo ao fim que me fez bater cabeça na grade, gritar e cantar durante meia hora. Se o “Semáforo” do Vanguart foi por um tempo uma das músicas mais representativas dessa nova safra de bandas nacionais, passo agora o bastão pro AMP com a excelente e já clássica canção “Acidez“.


O combo paulista Guizado é um grupo instrumental para ouvir e dançar. No Noise, funcinou como chill out para o que viria no resto da noite. Qualidade técnica e bons grooves combinando com o clima do espaço interno de shows. Seguindo a sequencia matadora do palco externo vieram os caras do Black Drawing Chalks, apontados como o próximo grande grupo do rock goiano independente. Não tinha visto eles no Dosol Festival e queria assitir tudo. Não me arrependi. Lembrei bastante da primeira fase do Soudgarden escutando o grupo. Outro excelente show.


Momento engraçado: presenciar as bandas Gangrena Gasosa do Rio e Ambervisions de Santa Catarina se preparando para os shows no mesmo camarim. Foi hilário. Ganhei até dinheiro chinês para falar bem das bandas. Dinheiro de verdade! Os Ambervisions vieram primeiro, todos com ataduras de múmia na cara. Zoação total. Sobrou para todo mundo que estava na platéia com perguntas capiciosas do tipo: você já comeu cocô de alguém? Marcelo Camelo também foi alvo, tudo na base da tiração de onda. Do meio pro fim sobe no palco a lenda carioca Leonardo Panço com um troféu, dizendo que a banda havia sido eleita a melhor do festival. Claro que tudo parte do freak show promovido pelos catarinenses. Eles devem ter se divertido mais que a platéia. É justo!

O Gangrena Gasosa (RJ) continuou a sessão “barbaridades” com um excelente show de hardocre doidão. O Exú Core do grupo com quase 20 anos de vida ainda tem bastante força e agradou em cheio os “camisetas pretas” do Noise, No final ainda rolou cantimbó em cima do público numa mistura de pipoca, farinha, fubá e sabe-se mais lá o que. Bacanudo também.

Os coisas voltaram ao normal com a chegada do Dead Rocks ao palco. O trio de São Carlos (SP) é um dos mais importares da surf music nacional. Minha curiosidade era grande porque nunca tinha assistido o show e não me decepcionei. As coisas poderiam ter continuado normais com o show do MQN, hérois do rock goiano. A princípio até parecia que mais um ótimo show estava por vir. Mas o clima foi esquentando, o show foi se agigantando e na última música mais de 100 pessoas invadiram o palco (inclusive alguns gringos convidados do festival) para celebrar o rock. Foi arrepiante! Eu também participei da esbórnia.

Não consegui ver a Cabruêra (PB) e já passo direto para o show fodão dos ingleses do Black Melkon. Detalhe: neste segundo dia o palquinho externo pegou mais fogo do que o main stage do festival. O trio inglês mandou uns grooves roqueiros muito bons completando o som com um visual “zorro”. Lá para terceira música sobe ao palco outra lenda: o paulista Marco Butcher, completando o incrível clima de festa que se abateu sobre o Goiânia Noise neste segundo dia.

O melhor show deste segundo dia do Noise veio em seguida e caiu com uma luva na programação “acelerada” que o festival proporcionou. Os canadenses Black Mountain derramaram melodias, timbres lindos, músicas maravilhosas (que eu não conhecia) e encantaram o público fazendo o simples: música excelente! Não lembro de ter visto (ouvido) um timbre de guitarra tão lindo na minha vida. Felicidade total.

Os finlandeses do Flaming Sideburns encerraram a programação do palco externo envenenado com o que? Mais veneno roqueiro! Dessa vez numa praia mais nórdica que tem como representante maior os Hellacopters. Dos gringos, era a única banda que tinha ouvido antes e foi outro showzão. Eu ja cansado curti parado, recebendo os riffs e músicas com alegria. Náo vi o Instituto, quis voltar para casa com o rock que tinha presenciado ainda fresco na memória, postergando a alegria roquística que um festival como o Goiânia Noise proporciona.

Fui dormir feliz já esperando o grande dia: hoje tem Helmet!

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