Conteúdo: TramaVirtual
Foto: Overmundo
A estrada para novas expressões da música brasileira independente está aberta no exterior. O rapper João Xavi, por exemplo, acaba de voltar de uma viagem pela Europa. Depois de preparar uma nova faixa, "Batuque de Pedreiro" (você confere aqui), no começo do ano e realizar apresentações em cenários improváveis - como a celebração Hardcore Verdurada -, veio a oportunidade. Se liga no relato:
"O convite partiu da Carolina Amorim, uma amiga brasileira que está morando na Alemanha. Ela organizou três shows e nós corremos atrás de outras apresentações. Saímos do Brasil no começo de setembro com sete datas marcadas. Foram quatro shows, um deles rolou em um “baile funk!”, em Nuremberg (cidade da região da Bavária). Depois fiz um show em Berlin, num festival anti-fascista chamado No Nation Jam. O festival rolou numa estação de metrô abandonada que, devidamente adaptada, acolheu 500 pessoas a fim de dançar e protestar contra a forma que a Alemanha trata os imigrantes e refugiados. Saí de Berlin para Leeds (Inglaterra) onde toquei para mais ou menos 700 pessoas numa festa de música brasileira chamada Carnaval. Foi bem engraçado cantar depois de um show de passistas de samba, entre um som da Ivete Sangalo e dos Aviões do Forró. De qualquer maneira, foi o show que o pessoal mais interagiu, dançou e se divertiu. Já passaram vários nomes de peso no clube onde rola essa festa (Faversham). Recentemente, o lugar abrigou shows do rapper Necro e da banda Franz Ferdinand.", descreve João.
E teve mais:
"De Leeds parti pra Londres e fiz uma festa junto com o pessoal do Clek Clek Boom. A festa rolou no Favela Chic, aquele bar de música/culinária brasileira, onde eu pude matar a saudade do guaraná e do pão de queijo. O último show rolou no Favela Chic de Paris, numa quinta-feira, para mais de 400 pessoas. O bar estava lotado e o povo caiu no sacolejo durante o show."
Na volta, completamos, rolou apresentação no Circo Voador, que rendeu até imagens para um futuro vídeo. Essa pequena jornada européia de João tem nuances específicas. Fora essa questão da abertura facilitada na Europa e em outros cantos, a jornada, em si, talvez não nos diga nada de tão importante ou inesperado sobre o estado das coisas lá ou aqui para artistas independentes da atualidade. Mas a prova é prática: com alguma correria, algum foco e tempo, dá para se divertir e transmitir sua música.
João Xavi é do setor, tipo, engajado do gênero, identificado com a cultura urbana. Um pouco mais de sua trajetória até aqui, por ele mesmo:
"Comecei a cantar rap em junho de 2006, tem pouco tempo.Antes disso eu já tinha cantado em algumas bandas de hardcore, mas nada muito sério... Eu já era amigo do Raphael Garcêz e ele começou a trabalhar com o Pablo Duca (os dois passaram a usar o nome Beatbass HighTech), os caras me mandaram dois beats e me convidaram pra gravar quando fui fazer uma visita à cidade deles, Volta Redonda (interior do Rio). Fizemos uma primeira música e todo mundo gostou do resultado.
Isso tudo rolou em junho de 2006, e no final do ano produzimos a primeira demo Dias de luta noites de amor, que foi muito bem recebida.
Fizemos muitos shows em 2007, toquei em tudo quanto é lugar que julguei bacana tocar. Fiz show de ocupação Sem Terra até a PUC Rio. Participei de um evento chamado GRAP (Grafite, rap & poesia) em que grafiteiros "ilustravam" poesias, eu fui o único rapper convidado. E segui compondo e gravando.
Lançamos ano passado a demo alta fidelidade."
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